Os cios são incómodos. É um facto. Ninguém gosta do cheiro a xixi de gato no sofá, do sangue deixado pela cadela por toda a casa, nem do telefonema madrugador do vizinho de cima a respeito do miado ensurdecedor que não deixa as crianças descansar. Pior ainda é mais uma ninhada na rua (ou no canil de abate) porque o malandro do cão voltou a saltar o muro. Isto sem falar do gato, que se atirou do 3º andar para ir namorar, fraturou a anca e ainda lutou com o macho alfa lá do sítio do qual apanhou FIV (a conhecida SIDA dos gatos) e leucemia felina... Mas a castração é muito mais do que a solução para este problema e as vantagens superam claramente as desvantagens... pela saúde do seu animal!!
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Comecemos pelas meninas. Os estudos indicam que as hormonas femininas ao longo dos anos aumentam a predisposição das cadelas e das gatinhas para o desenvolvimento de infecções de útero (as chamadas piómetras) assim como de cancro de mama, duas situações potencialmente fatais. Nas piómetras, um útero cheio de material purulento obriga à castração de urgência num animal debilitado e muitas vezes já numa situação de septicémia e falência renal. Quanto ao cancro de mama, mostra a casuística que é 90% maligno em gatas e 50% em cadelas. Tendo em conta os nódulos mamários serem muito pouco exfoliativos, ou seja, não libertarem células quando biopsados com uma agulha, só nos é possível um diagnóstico final do "tipo de cancro" após toda a cadeia mamária ser extirpada cirurgicamente e enviada ao patologista. A cirurgia pode ser bastante extensa implicando a remoção da cadeia mamária e a castração. Se há nódulos em ambas as cadeias ou se o relatório da patologia aponta para células malignas nos limites da excisão, lá terá o animal de voltar ao bloco. Pensando que estamos na maioria das vezes a falar de animais já com alguma idade e que muitas vezes está já associada mestastização pulmonar e hepática numa fase ainda não detectável (porque se se detectam metátases não é sequer candidata à cirurgia), é uma situação que pode acarretar muito sofrimento. Sem hormonas em circulação a prevenção está muito perto dos 100%. Sabemos, por exemplo, que os contraceptivos, orais ou injectáveis, dada a grande concentração de hormonas tornam esta realidade bem mais provável, com pior prognóstico e em animais mais jovens. Quanto aos machos, no cão a castração promove a prevenção de problemas da próstata, nomeadamente hiperplasia benigna e cancro. Nos gatos, a castração é aconselhada como bloqueio do stress inerente à reprodução que é muitas vezes associada nesta espécie a doenças graves, nomeadamente do trato urinário. E desvantagens?? Muito poucas. Considerando que se trata de uma cirurgia com anestesia geral há sempre alguns riscos associados mas complicações graves são extremamente raras até porque a grande maioria dos animais são castrados rotineiramente durante a juventude, tratando-se de animais saudáveis. No caso de castrações mais tardias o animal é avaliado para a necessidade de fazer análises ou exames pré-anestésicos. A tendência para o aumento de peso é notória em alguns animais mas facilmente controlada com rações específicas. As suturas, os colares, os fatinhos são consequências inevitáveis do pós-operatório e felizmente bastante temporários. Por todos estes motivos a castração, de rotina, precoce e electiva, é cada vez mais um conselho veterinário desde a primeira consulta.
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